Piscina Exterior

Voltei para o meu posto e como estava calor fiquei mesmo só com o fato de banho. Na piscina encontravam-se algumas pessoas, mas dava para compreender que muitas estavam na interior. Tanto que fosse. Abri a minha pequena garrafa onde estava a vodka. Bebi um gole. Talvez assim conseguisse afastar as vozes da minha cabeça, caso algum espírito se lembrasse de me procurar.

Cheguei à piscina e vi Lana no seu posto, mas decidi ser ela a dar por mim , por isso mergulhei na piscina e fingi que me estava a afogar - Socorro! - dramatizei.

Confesso que estava distraída quando de repetente ouvi alguém gritar por socorro. Saltei de imediato da minha cadeira e mergulhei. Só quando emergi é que me dei conta que era Ralph, a gozar comigo - Oh... já percebi, estás a vingar-te por causa daquilo do sal - Revirei os olhos e virei costas, fingindo-me de chateada. Na verdade não estava. Aquilo até me tinha divertido e tirado do aborrecimento. Saí da piscina. O fato de banho molhado estava bem colado ao meu corpo, delineando bem o meu corpo.

Ri-me com a sua tentativa de se fingir amuada, mergulhando novamente - É isso, vês como sabes? - gozei quando vi ao de cima, apreciando a figura dela naquele fato-de-banho bem justinho.

Sentei-me na margem da piscina, vendo-o mergulhar e emergir - Sou muito inteligente, ainda não tinhas reparado? - Comentei com ironia. Peguei numa bóia que flutuava ali e atirei-lha, apesar de aquilo não ir magoá-lo.

Peguei na bóia que ela me atirara e olhei em volta: estávamos sózinhos, por isso não havia problema em fazer asneira. Deitei-me em cima da bóia e andei por ali, relaxando, e gozando com o seu orgulho - Obrigada, a sério. - agradeci e fiz uma careta.

Fechei os punhos devido à raiva que tinha por ele estar ali a gozar comigo - Fica apenas sabendo que se te afogares desta vez não te salvo - Mentira. Faria-lo na mesma mas esta era a única forma de o picar.

Soltei uma gargalhada cínica e apontei para os meus abdominais - Mesmo que quisesses não resistias - contrapus mexendo as sobrancelhas. - Mas não te censuro, quer dizer... quem é que o faria?! - acrescentei num tom convencido.

Mordi o lábio para me conter. Lá isso era verdade, tudo no corpo dele era atraente - Tens uma elevada auto-estima Ralph, agora vou mesmo deixar que te afogues!

Mordi o lábio, pensando naquilo que ela disse. Auto-estima alta... parece que afinal estava a conseguir aquilo que sempre quis. Sorri, tentaneo disfarçar os pensamentos sobre o meu passado - Bem, eu devia voltar para a cozinha. - declarei, saindo da piscina.

Fui invadida opor uma enorme curiosidade a tentar adivinhar os seus pensamentos. Será que pensava em mim? Tu é que tens elevada auto-estima nestas coisas! Não pude deixar de sorrir para mim mesma - Já? - tentei disfarçar o meu olhar, para não ser tão óbvio que estava fixada no seu corpo molhado e irresistível - Que pena, pensava que hoje íamos ter cozinheiro afogado para o jantar - Credo, a minha tentativa de fazer piadas era horrivel - Se precisares de ajuda basta chamares. Também tenho cá os meus dotes culinários - Pisquei-lhe o olho, sem saber porquê. A verdade é que gostava de cozinhar, e era boa a fazê-lo.

-Quando quiseres aparecer, sabes onde me encontro. - disse, fazendo uma espécie de convite e vestindo a minha t-shirt. - Quero ver esses dotes de peixe. - gozei e fui até ela, para me despedir - Queres um beijinho ou posso ir embora?

- E tu a mim - Respondi de volta, fazendo um ligeiro sinal à piscina. Apesar de ser óbvio - Dotes de sereia, queres tu dizer! - Sorri e afastei um pouco do cabelo molhado que me tapava a cara - Depende. Não gosto de simples "beijinhos" - respondi, fitando os seus belos olhos em provocação.

Ah, o meu orgulho era demasiado grande para a deixar vencer. Por isso, tive de vencer à minha própria pressão, para conseguir virar costas sem lhe dar o dito beijinho - Então parece que estás com azar! - exclamei, já na porta de saída.

Cerrei os dentes de raiva por ele não ter cedido à minha provocação. Mantive a minha expressão serena, como que se aquilo não me afectasse minimamente. - Azar? Quem disse que queria um beijo teu? Por favor, antes morta! - Resmunguei.

Revirei os olhos, pensando em assustá-la e confirmando esse pensamento - Bem, se a lenda deste hotel for verdadeira, acredita que não faltará muito para isso... - disse, olhando em redor como se estivesse à procura de alguém.

Encolhi os ombros perante as suas palavras - Aparentemente sou demasiado rara para os fantasmas do hotel de virem livres de mim. Não estou em perigo - Disse num tom divertido, apesar de ser mais do que verdade, infelizmente claro.

-Oh , sim, fia-te na virgem! - encorajei e soltei uma gargalhada cínica - E a que se deve esse fruto de raridade suprema? - acrescentei. Já devia ter saído daquele lugar há séculos, mas a conversa estava boa, e ainda melhor estava à gaja.

Fiquei na dúvida se devia dizer a verdade com humor, ou se uma mentira - Porque sou simplesmente a única que os consegue entender, a única com a capacidade de ouvir as suas vozes. - disse quase num murmúrio - Não estavas de saída? - Relembrei com urgência, para que ele nem prestasse atenção ao que eu tinha dito anteriormente.

Ignorei a sua pergunta, não conseguindo deixar de rir com o que ela acabara de dizer - Ai sim? Então e o que andam as madames e os senhores a dizer? - perguntei, cruzando os braços e fazendo um olhar de desafio.

Já seria de esperar que ele se risse. Aliás, era o que todas as outras pessoas faziam. Ninguém acreditava. - Neste momento estão a comentar que há um rapaz bastante irritante, mas ao mesmo tempo podre de bom, aqui na piscina - Desta fui eu quem se começou a rir. Não havia nenhum fantasma por perto, felizmente, e aquilo não passavam de palavras minhas.

Soltei mais umas gargalhadas, desta vez diferentes das outras - Então achas que sou podre de bom? - perguntei, com um sorriso provocante.

Olhei durante algum tempo, até responder - À primeira vista sim, mas começo a reconsiderar... - Respondi, num tom de voz quase manhoso.

Fiz uma careta, suspirando gafanhotos com a língua - Não tentes mentir-me, que esse olhar não engana ninguém! - desmenti-a, passando a mão pelos meus abdominais e apreciando-os eu próprio.