Escadaria

Mordi o lábio quando o vi de braços abertos e subi para o seu colo, aconchegando-me no seu corpo e abraçando o mesmo com os meus braços.- como é que fiz o quê? - perguntei baixinho, fechando os olhos ao senti-lo fazer-me sentir segura. Estranho..

-Eu falei demasiado baixo para tu ouvires - disse vendo-a aconchegar-se a mim e abracei as suas costas. Isto estava a tornar-se estranho, ela queria matar-me por causa da irmã que eu nem me lembrava, mas também estava abraçada a mim e aquilo parecia acalma-la. Marvin revirou os olhos encostando a cabeça ao corrimão enquanto nos olhava.
-Fazem um par mesmo amoroso - ironizou apesar do sorriso ser o mesmo de sempre. Sorri levemente encaixando a minha cabeça no seu ombro.

Esondi a minha cara no seu peito e de olhos fechados, inspirei sentindo o seu aroma em mim.
- E tenho um bom ouvido.- murmurei.- ouço sempre tudo.- disse abafada. Cheguei-me mais para ele e virei a minha cara para a sua, beijando a sua bochecha que estava agora ao meu alcance.- obrigada.- sussurrei.

Olhei para ela quando me beijou a bochecha e engoli em seco. Apesar de já a ter beijado, aquilo parecia primeira vez que recebia um beijo dela. Marvin desatou a rir.
-Oh meu deus, tu és tão totó, eu já sabia, mas agora percebi que és pior - disse agarrado à barriga. - Ai ai. - Fiz-lhe um olhar de quem o ia matar a qualquer momento e abanei a cabeça para ela passando as mãos pelas suas costas.
-Não te preocupes. Acontece.

Olhei-o quando também me olhou e mordi o lábio ao observar os seus olhos azuis tão de perto. Passei-lhe uma mão pela cara e sorri levemente.
- Mas depois de tudo, obrigada por não me teres deixado ali.- murmurei, aproximando a minha cara da sua.

Aiiii, que olhos gigantes, e estão a olhar para mim. Aiii. Engoli em seco abanando a cabeça.
-Eu não abandono ninguém - disse olhando os seus olhos castanho gigantes e sentindo a mão na minha cara, era tão bom sentir alguém.

Apenas assenti ao que ele me disse, esboçando um pequeno sorriso. Com a minha mão na sua bochecha, puxei a sua cara para junto da minha e sempre sem desviar o meu olhar do seu, colei os nossos lábios. Cheguei o meu corpo para junto do dele e desta vez, demorei-me mais com aquele beijo.

-Oh puto é assim... - Marvin calou-se - ela vai beijar-te - riu-se - ao menos vê lá se beijas bem - continuou a rir e levantou-se olhando-nos. Eu nem sabia se estava a prestar atenção a ele ou aos olhos dela. Entreabri os lábios quando ela também o fez e passei as mãos por de trás do seu pescoço puxando-a mais para mim enquanto a beijava.

Ergui o meu tronco quando o senti retribuir e ajeitei-me no seu colo para o poder beijar melhor. Rodeei o seu pescoço com um dos meus braços e puxei-o para mim enquanto aprofundava o beijo. Os meus olhos fecharam-se e eu soltei um pequeno suspiro, sentindo o medo dissipar-se levemente.

Perdi a vergonha para lhe poder tocar e passei as duas mãos ao logo de todo o seu corpo enquanto nos beijávamos. Abri um olho vendo-a de olhos fechados enquanto Marvin nos observava como se estivesse a aprender e voltei a fecha-lo aproveitando aquele momento que poderia nunca mais ter.

Tentei beijá-lo o máximo que consegui, permanecendo sempre de olhos fechados. Dei que a límgua brincasse com a sua e senti o meu corpo reagir ao seu toque, fazendo-me arrepiar. Descolei os nossos lábos mas não os afastei, deixando-os colados e, depois de encostar as nossas testas, voltei a olhar os seus olhos.

Não sei quanto tempo ainda estive de olhos fechados quando ela parou de me beijar e encostou a minha testa à dela, mas sei que foi uns minutos, só passado esse longo período abri os olhos e a olhei.
-Tu és tão estranha - deixei escapar, porque normalmente o estranho era eu.

Arregalei ligeramente os olhos com o que ele disse e ri-me, assentindo.
- Eu sei que sou, tenho noção disso.- fiz uma careta. Passei um dedo pela sua bochecha e mordi o lábio.- isso não é bom pois não?

Encolhi os ombros com a sua pergunta não sabendo muito bem o que responder e Marvin caiu das escadas a baixo enquanto se ria.
- Eu não sei - ri-me - mas era suposto tu matares-me.

Mordio o lábio com a sua resposta e escondi a minha cara no seu peito.
- A única coisa que me apetece agora é...beijar-te.- agradeci mentalmente por ter escondido a cara. Omg, eu parecia que tinha feito um feitiç oe me tinha transformado noutra pessoa.

Olhei para ela não se se atrapalhado, envergonhado ou em choque, mas assim que tive uma reacção ela foi boa. Agarrei no queixo dela e beijei-a novamente ouvindo Marvin praguejar por eu ter feito aquilo dizendo que ela era uma bruxa.

Mordi o lábio com força quando não o ouvi dizer nada e soltei um pequeno suspiro. Afundei a minha cara no seu peito e já só senti a sua mão no meu queixo e os seus lábios de novo nos meus. Puxei-o para mim e coloquei uma perna para cada um dos lados do seu corpo, rodeando o seu pescoço com os meus braços.

Agarrei nas suas pernas levantando-me e colocando os seus pés no chão. Olhei para ela meio totó e agarrei-me ao peito gemendo de dor, era como se mo tivessem esfaqueado muitas vezes seguidas.

Ergui uma sobrancelha quando me levantou e olhei-o com atenção, arregalando os olhos quando gemeu de forma dolorosa.
- Reece..- murmurei e aproximei-me dele, colocando a minha mão sobre a sua que estava no seu peito.- o que se passa? - perguntei..preocupada ?

Quando me aproximei dela a minha cabeça caiu no seu ombro e latejava como se um tubo a estivesse a perfurar de um lado ao outro.
-Isto vai passar - disse, passava sempre e depois de uns segundos comecei a relaxar e respirei fundo quando já não tive dores.
-BOOM BOOM morto. - Marvin suspirou sentando-se no lanço de escadas ao nosso lado. - Estás tão cego e ainda não percebes que isso se faz mal.

Abracei o seu tronco com os meus braços quando encostou a sua cabeça no meu ombro e levei a mão à mesma, massajando-a. Senti os seus músculos relaxarem e foi quando percebi que o quer que aquilo tenha sido, já tinha passado.
- Estás bem? - perguntei baixinho, dando um pequeno beijo no seu pescoço.

Assenti com a cabeça ignorando Marvin e todos os outros que agora nos rodeavam. Eu dia ter um tumor cerebral, sim, era isso... isso fazia-me alucinar, pelo menos explicava também estas dores e o facto de estar louco. Endireitei-me largando a sua cintura e olhei-a passando a mão pelo cabelo - não ligues.

Endireitei-me também e afastei-me ligeiramente, suspirando levemente.
- Claro que ligo.- ripostei.- tu não estavas bem.- murmurei, esfregando um braço.

Abanei a cabeça passando a mão pelo cabelo.
-Eu estou bem, isto acontece às vezes - encolhi os ombros como se desse desprezo à dor - Ignora - mordi o lábio - eu acho que... vou para o meu quarto.

Olhei-o atenta.
- Já foste ao médico ver o que é isso? - murmurei. Eu nunca tinha ido a um, mas os humanos costumavam fazê-lo. Engoli em seco e suspirei. Ele ainda não estava bem, mas quem era eu para agora pedir para tratar dele? Que tipo de pessoa era eu se já o tinha tentado matar montes de vezes? - hum...está bem.- sussurrei.