Restaurante do hotel

Era hora de almoço mas o restaurante do hotel estava vazio, apenas alguns empregados amedrontados estavam a preparar as coisas. Entrei lá com uma dor de cabeça terrível e sentei numa cadeira em frente a uma mesa. Coloquei os cotovelos na mesma e levei as mãos à cabeça que ia rebentar a qualquer momento. Eles falavam tão alto. Eu conseguia ouvi-los a toda a hora e deixava as outras coisas de fora.

Depois de mais de duas horas enfiada no ginásio a minha fúria estava mais controlada. Dei dois goles na minha garrafa enquanto passava a toalha pela minha testa. Retirei as luvas das mãos e guardei-as, descendo depois até ao meu quarto. Tomei um banho demorado, sentido os meus músculos relaxarem e vesti-me arranjando-me mais do que o habitual. Passei as mãos pelo cabelo enquanto me olhava ao espelho e saí, subindo para o restaurate.
- Olá beleza.- Rick, o mesmo de sempre. Era empregado do restaurante desde sempre e bruxo, tal como eu.
- Olá Rick.- cumprimentei com o mesmo sorriso seco de sempre.
- Vieste ver-me foi? - ajeitou a farda com um sorriso.
- Não, vim mesmo comer.

Marvin apareceu à minha frente sentado e eu olhei-o enquanto ele fazia o mesmo.
-Fala comigo. - pediu ele - eu sou o teu bro puto, fala. - bateu-me nas costas. Eu não falei e comecei a mexer num garfo.
-Estás a ver isto? - perguntei. Ele arregalou os olhos e assentiu. - Vou enfiar-te isto dentro do cu e torcer se tu não te calas. - ameacei e vi o empregado aparecer para perguntar o que queríamos. Eu calei-me com a mente completamente em branco, mas Marvin respondeu.
-Qualquer coisa quase crua.

- A sério Rick, vai buscar a comida e cala-te. Hoje não.- suspirei. Rick eera conhecido da família desde há muito tempo, e sempre gostara de mim, ele fazia questão de o dizer.
- Princesa vá lá fala aqui com o Rick, o que fazes na próxima lua cheia.- ele sentou-se na cadeira à minha frente.
- Mato-te juntamente com os fantasmas se não me deixares de chatear.- revirei os os olhos.
- Uh, costumas ser assim violenta em todas as ocasiões? - ele olhou-çe com aquele olhar que eu tão bem conhecia. Rangi os dentes e debaixo da mesa direccionei a minha mão para ele. A sua cadeira ameaçou ceder e tal como aconteceu com Reece ele começou a sufocar-se a ele próprio.
- Vais parar ou não? - rugi.
- Bifes com salada, certo?

Ouvi uma cadeira partir-se e olhei para trás vendo Cleo com um empregado. Marvin arregalou os olhos.
-Am... Adeus friend - disse desaparecendo fazendo com que o outro empregado que nos estava a atender andar para trás e partir uma mesa. Levei a mão à cabeça.
-Sai daí.
Isto não podia piorar mais..

- Cleo..- murmurou já sem voz. Suspirei pesadamente e baixei a minha mão, terminando com tudo.
- Vai buscar a minha comida e desaparece.- resmunguei e ele de tão assustado que estava, assim o fez. Passei as mãos pelo cabelo e olhei em frente...vendo..Reece? Cerrei os dentes e controlei-me= para não acabar com ele ali.

Levantei-me olhando de lado para Cleo e depois olhei para o empregado estendo uma mão para o ajudar mas ele estava branco, parecia que tinha visto um... claro, um fantasma. Ele próprio se levantou, não ligando à minha ajuda. Levei a mão à barriga, sem fome e simplesmente saí.

Olhei Reece durante o mesmo tempo que ele me olhou e revirei os olhos. Batendo com as mãos em cima da mesa. Levantei-me de repente e passei pelo empregado que estava a servir Reece.
- Boo! - gritei, vendo-o estremecer e ficar mais branco do que nunca. Segui Rece e quando ele menos esperava aproximei-me.
- O que é que tu queres? Ahn?

Meti as mãos nos bolsos sentindo-os vazios e estremeci quando ouvi a voz de Cleo tão perto. Ela tinha-me seguido? Olhei-a fazendo uma careta.
-Nada. Eu nem te falei. - disse contornando o seu corpo para ir para o meu quarto.

Senti o mei sangue fervilhar com a sua resposta. Continuei virada para ele e com a minha mente, coloquei-lhe uma barreira invisível para que ele não pudesse continuar a andar.- eu vi-te a vender.- disse com os dentes cerrados.

Subi até às escadas coçando a cara e o corpo quando senti uma ligeira comichão e voltei-me para ela quando disse que me tinha visto a vender.
-Andas a seguir? - perguntei retoricamente e comecei a descer as escadas novamente. - Eu disse que não podia parar. - disse-lhe - eu não consigo - disse sem saber explicar bem.

Arregalei os olhos quando vi utlrapassar a barreira. Eu estava a perder as minhas qualidades enquanto bruxa, oh meu deus.
- Eu não te segui respondi simplesmente e irritada, aproximei-me dele.- porque é que não podes? Diz-me!

Abanei a cabeça com um suspiro e levei a mão à testa sentando-me nas escadas tentando fugir ao olhar hipnotizador dela.
-Porque... eu não sei... Não sei porquê

Passei as mãos pela cara várias vezes e sentei-me a seu lado, mas com uma certa distância.- como não sabes? - resmunguei.- ós obrigado a fazê-lo, ou algo do género? - só faltava dizer que tinha um irmão gémeo e que tinha sido ele a matar a minha irmã.

Olhei para ela abanando a cabeça.
-Não. - disse engolindo em seco. Ela não ia perceber, nem eu percebia, eu apenas sentia. Se deixasse de o fazer era como se deixasse de viver. Não sei... e apesar dessa coisa toda, eu continuava a não querer fazê-lo, mas o plástico continuava a aparecer.

Deixei a minha cabeça cair sobre os meus joelhos e fechei os olhos, cansada. Cansada de pensar, cansada de julgar, cansada de tudo.
- A minha irmã não me deixa matar-te.- engoli em seco.- nas a droga grita-me para eu o fazer.

Suspirei quando ela deixou cair a cabeça e coloquei os braços por cima dos joelhos colocando o queixo no meio deles e olhando para a porta de entrada.
-A tua irmã está morta - olhei para ela - como é que ela não te deixa matar-me? E.. sinceramente, eu não me importo se me matares. - simplesmente não me importava, nao tinha medo.

A tua irmã esta morta. Estremeci com aquela frase.
- Não sei.- abanei a cabeça.- ela apenas não me deixa.- murmurei e ergui o olhar para ele.- não tem graça matar quando as pessoas querem, mas tu irritas-me.- revirei os olhos.- quando te vejo a vender fico cega de raiva.- suspirei.

-Desculpa - pedi ao perceber que a tinha magoado com a minha frase. - Como assim não te deixa? - Perguntei - na tua cabeça? - mordi o lábio. - Como? - insisti - Então não me mates - encolhi os ombros. Suspirei evitando um novo : não consigo evitar.

Apenas encolhi os ombros ao seu pedido de desculpas e arregalei os olhos quando disparou um monte de perguntas.- eu tenho-a ouvido.- murmurei sentindo-me uma maluca.- ela fala comigo e diz-me para não te matar.- mordi o lábio.- eu...eu tenho de pensar.

-Tens-na ouvido... - repeti as palavras dela e olhei-a - acreditas em fantasmas? - perguntei de rajada sem sequer pensar como devia ser. - Porquê? Mata-me, eu estou aqui a pedir-te. Tu dizes que eu matei a tua irmã. Se eu matei a tua irmã... tu tens razões para o fazer. Eu não tenho ninguém que me prenda aqui.

Suspirei e assenti quando ele repetiu o que eu tinha dito. Sim, eu andava a ouvi-la. Arregalei os olhos com a sua pergunta e olhei-o. Será que ele não sabia da perseguição das bruxas aos fantasmas? - acredito.- murmurei apenas. Tanto acredito que os torturo até à morte. Tu dizes que eu matei a tua irmã. Se eu matei a tua irmã... tu tens razões para o fazer. - pára! - gritei-lhe.- quando eu estou em mim eu não tenho vontade de te matar, percebes? - continuei a gritar.- por isso cala-te com isso, porque se eu me passo realmente eu mato-te sem pensar muito nisso.- resmunguei.

Ela acredita. Isso quer dizer... não, está tudo na tua cabeça, como é que tu podes ter morrido? Tu não... Respirei fundo abanando a cabeça para tirar pensamentos estranhos da minha cabeça.
-Mata.

Revirei os olhos exageradamente.
- O que ganhas em pedir-me que te mate? - virei a cara para ele e olhei-o nos olhos. Bad choice Cleo, bad choice. Mordi o lábio com força e obriguei-os a desviarem-se, mas eles pareciam ter ganho vida própria de repente.