Pizzaria "Il cibo Magico"

Revirei os olhos com a forma desconfiada como me olhava. Também, estavas à espera do quê Cleo?
- Então..- pensei durante um bocado num bom sítio.- pode ser..ahm.- avistei ao longe umz pizzaria.- uma pizza é isso.- ia pegar na sua mão para o puxar, mas depois decidi não o fazer, ele ainda se assustava.

Vi-a a olhar a pizzaria e a murmurar umas coisas que não percebi nada, até porque não conseguia estar atento a nada. Passei a mão pela testa entrando na pizzaria e fui-me sentar na primeira mesa que vi.

Entrei com ele na pizzaria e fui sentar-me na mesa que ele escolhera, olhando o seu rosto com atenção quando me sentei à sua frente.
- Está tudo bem contigo? Se não querias vir, podias ter dito.

Passei a mão pelo rosto suado novamente e neguei com a cabeça.
-Não, eu já estou com fome por isso... não faz mal - suspirei fechando os olhos - estou só mal disposto.

Assenti e recostei-me na cadeira, olhando-o. Ele estava completamente suado.
- Reece, ahm, eu acho que era melhor irmos para o hotel.- passei os dedos pela cana do nariz e soltei um suspiro.

Abanei a cabeça encostando-me à cadeira e respirei fundo.
-Eu já estou bem - disse apesar de não estar - pede qualquer coisa. - olhei-a.

Assenti ainda que contrariada e peguei na carta das pzzas, olhando a mesma.
- Partilhamos uma pizza ou comes uma sozinho? - olhei-o depois de avaliar todos os pedidos possíveis.

-Eu partilho - encolhi os ombros tentando controlar dor de cabeça que me estava a magoar mesmo muito. De alguma forma, parecia que estava de ressaca. Levei a mão aos bolsos e quando tirei de lá a mesma vi pó branco nos meus dedos. - óptimo - resmunguei limpando-o porque apesar de nunca ter experimentado[ou então já] tinha uma vontade enorme de o fazer.

Assenti e chamei o empregado, pedindo uma pizza para nós os dois. Pedi também dois copos e ele assentiu, deixando-nos sozinhos de novo. Recostei-me na cadeira e olhei-o levar as mãos aos bolsos. Passei as mãos pelo cabelo e arregalei os olhos quando o vi com os dedos brancos, por causa de....um pó. Engoli em seco e levantei-me de repente, de olhos arregalados.
- Eu...ahm, eu vou à casa de banho.- murmurei assustada e assim o fiz.

Fiquei a olhar para o pó mesmo depois de ela ter ido embora e olhei para ao meu bolso, parecia que pelo menos dois sacos se tinham rasgado ali dentro. Passei a mão pela cara que já estava toda suada não sei bem porquê e levantei-me indo à procura dela.
-Cleo?

Entrei na casa de banho, meio em pânico. Eu acho que só de ver aquilo por perto eu começava a asfixiar. Agarrei-me ao lavatório e olhei-me de olhos arregalados ao espelho. Eww, estava branca. Liguei a torneira e passei a minha cara por água, para me acalmar. Respirei fundo várias vezes, mas tudo foi em vão quando o meu corpo estremeceu ao ouvir alguém bater à porta. Fechei os olhos por segundos e ouvi Reece chamar-me. Engoli em seco e massajei o meu peito, tentando acalmar-me.
- S..sim?

Encostei-me à porta colocando a mão na maçaneta e ouvi a voz de trémula dela.
-Podes.. abrir, por favor? - perguntei vendo um homem a sair da casa de banho masculina e a olhar-me com uma cara assustada.

Quando me senti mais calma acabei por respirar fundo e ceder ao seu pedido. Cambaleei até à porta e rodei a maçaneta, abrindo a mesma. Olhei-o durante breves segundos e voltei a afastar-me, andando até me encostar à parede.

Olhei-a quando abriu a porta e percebi que não se estava a sentir bem, teria sido por... ela viu, só podia ser isso. Fechei a porta atrás de mim e abri a boca para falar, mas não saiu nada e eu apenas caí no chão.

Deixei-me escorregar pela parede e agarrei-me aos joelhos, balançando-me para a frente e para trás, enquanto inspirava e expirava de forma calma.
- Tu...- as palavras não queriam sair.- não...não me ias fazer nada, pois não?

Pestanejei meio atordoado e neguei com a cabeça rebolando no chão até à parede oposta da dela e sentando-me.
-Eu não faço mal a ninguém - disse não sabendo se era verdade e passei a mão pela barriga apertando-a e vendo Marvin ao meu lado novamente.
-Sabes, podias simplesmente ir para o teu quarto dormir e eu ficava a tomar conta dela - Marvin sorriu enquanto mascava a pastilha e eu ignorei-o.

Encostei a cabeça à parede e fechei os olhos, respirando fundo. Na verdade, fizeste à minha irmã com a mesma coisa que tinhas ao bocado nos bolsos, respondi-lhe mentalmente.
- Podes....podes vir-me abraçar? - perguntei muito baixinho, escondendo a cara nos joelhos.

Marvin sentou-se ao meu lado com as pernas à chinês e olhou Cleo, assim que ela pediu para que eu a abraçasse tanto eu como ele ficámos estáticos a olha-la.
-Eia, parece que arranjaste uma bruxinha inimiga que precisa de mimos - gozei batendo-me nas costas e desapareceu fazendo uma espécie de vento só para a assustar. Assenti assim que ele se foi e aproximei-me dela abraçando-a.

Estremeci quando senti um vento percorrer o meu corpo e encolhi-me ainda mais, escondendo a minha cara nas minhas pernas. Comecei a tremer quando senti vir abraçar-me e aconcheguei-me nele, agarrando na sua camisola com força. Controla-te Cleo, por favor, controla-te.

Sentei-me abraçando-a com força e cheguei a fazer uma careta quando me agarrou na camisola.
-Podes dizer-me o que se passa? - perguntei baixando a cabeça para a tentar ver e ouvir melhor. Nunca tinha visto alguém tão assustado na minha vida.

Abracei o seu corpo com os meus braços e cheguei-me para ele o mais que podia, era como se me sentisse mais segura assim.
- Tenho medo.- disse muito mas mesmo muito baixinho. Escondi a minha cara no seu peito e fechei os olhos, tentando parar de tremer.

Puxei-a com força contra mim quando os seus braços pediram e passei a mão pelo seu cabelo.
-Tens medo do quê? - perguntei olhando em volta e assustando-me ligeiramente com todos os fantasmas da minha cabeça à minha frente no seu estado natural, mortos.

O meu corpo estava a tremer, eu nunca estivera assim em toda a minha vida. As lágrimas já escorriam pelo meu corpo e o tal vento de à pouco voltou a aparecer mas com mais intensidade. Estremeci e escondi-me nele, abanado a cabeça várias vezes.
- De tudo.- disse desesperada.

Abracei-a cada vez com mais força afagando as suas costas.
-Calma, daqui a pouco tens um ataque de pânico - suspirei - Está tudo bem aqui - disse engolindo em seco quando eles começaram a vir na nossa direcção. Fechei os olhos e voltei a abri-los vendo que tinham desaparecido. - Anda, vamos para o hotel - coloquei-a em mim não a largando.