Rua

Saímos do Burguer King e ela conduziu-me a uma rua lá perto, não muito movimentada, mas realmente bonita. Sorri para ela enquanto ouvia a explicação dela sobre aquela rua.

Fomos passeando pela rua, calada e pouco movimentada, e eu fui-lhe contando todas as lendas, ou pelo menos quase todas elas - E é por isso que não vês por aqui ninguém... - terminei.

Ri-me. - Estamos aqui nós, será que nos vai acontecer alguma coisa? - brinquei.

Fiz uma careta com sinal assustado - Nunca se sabe. - nunca se sabe mesmo, acrescentei mentalmente, pressentindo um arrepio. Afinal, fora num beco ali perto que quase me tinham matado..

Sorri. - Então e qual é o próximo destino, onde a menina Amber me vai levar? - soltei um breve riso, enquanto a olhava.

Fiz uma careta - Isto é uma cidade pequena, não há grande coisa para ver. - e o que há recuso-me a ir... e fiz um sorriso forçado.

Sorri. - E que tal se me mostrasses o "teu" hotel? - disse, fazendo aspas com os dedos.

Soltei uma gargalhada meio forçada e dei mais uma olhadela discreta àquele corpo. Virei-me de costas em direcção ao hotel e comecei a andar - Anda, segue-me. Apesar de ser pequena, a cidade ainda é labirintica. - brinquei e levei-o até ao hotel.

Ri-me e segui-a.

Spoiler:

Quando Marvin me conseguiu acordar do meu estado de choque fui para o quarto e deitei-me na cama agarrado à almofada. Fechei os olhos levando a mão aos bolsos e suspirei quando senti mais uma vez os sacos de droga nele.
-Porque é que aparecem? - perguntei tirando um e olhando para o mesmo. Levantei-me saindo a correr do hotel e fui vender os que restavam indo depois sentar-me num banco de jardim e acho que adormeci por lá, apesar de estarmos a meio da tarde.

Depois de me mentalizar de que o tinha realmente beijado, levantei-me e passei as minhas mãos molhadas pela cara. Calcei os meus sapatos e saí do hotel. Olhei para o mesmo, por cima do ombro e sorri levemente. Precisava de não ser eu por umas horas, precisava de não sentir vontade de matar alguém. Fui dar umas volta pelas ruas, sorrindo ao ver o sol deitar-se à minha frente. Estava a andar quando vi alguém adormecido num banco de jardim. Suspirei levemente e ergui uma sobrancelha quando reparei que era Reece. Aproximei-me dele e toquei-lhe no ombro, abanando-o ligeiramente.- Reece?

O meu sono tinha-se tornado muito pesado por isso acordei depois de alguém ter chamado por mim várias vezes. Abri os olhos passando as mãos pelos mesmos e levantei uma sobrancelha quando vi Cleo a olhar-me e a abanar-me.
-Adormeci - disse num tom queixoso e olhei para as horas paralisando, não por causa delas mas por causa do frio, parecia que estava dentro de um bloco de gelo. Eram cinco horas, novamente. Passei a mão pela cabeça que doía muito assim como o peito e quando o minuto acabou voltei ao normal.

Sentei-me a seu lado e ergui uma sobrancelha quando o vi ficar meio paralisado.
- Reece? - continuei a abaná-lo, mas ele não se mexia.- Reece? - voltei a chamar mas nada de novo.- preciso de te beijar de novo para acordares? - resmunguei baixinho e ele despertou de repente.- estás bem?

Olhei para Cleo que me chamava.
-Diz - assenti - sim estou bem - passei as mãos pela cara sentindo-me meio perdido e vi Marvin aparecer à minha frente. Abri a boca para lhe falar mas calei-me lembrando-me que ela estava ali.

Recostei-me no banco e deixei que ele se acalmasse e voltasse ao mundo real. Passei as mãos pelos cabelos que esvoaçavam com o vento e voltei a olhá-lo.- o que andavas aqui a fazer para adormeceres? - ergui uma sobrancelha.

Fiquei a olhar para Marvin durante algum tempo e ele abanou muitas vezes a cabeça.-
-Não digas. Ela vai torturar-te até desejares morrer - encolhi os ombros para ele. Eu já desejava.
-Não queres saber.

Engoli em seco com a sua resposta. Ignora Cleo, simplesmente ignora, tu prometeste esquecer-te disso.
- Está bem.- assenti. Olhei em volta e depois voltei a olhá-lo.- aceitavas se te convidasse para vires jantar comigo? - ele vai achar-te maluca !

Desviei os olhos de Marvin que estava a fazer gestos como se me estivesse prestes a matar ou coisa parecida e que depois ficou com uma cara de wtf quando ouviu o que ela perguntou. Virei a cara para ela surpreendido.
-Sim, acho eu.

Sorrri quando ele cedeu e levantei-me, estendendo-lhe a mão.- vem, vamos comer o que não comemos ao almoço.- mordi o lábio e puxei-o.- vá, eu deixo-te escolher o sítio.- sorri-lhe e comecei a caminhar a seu lado.

Olhei para ela de lado e um bocado desconfiado, ela devia estar a tramar alguma, só podia. Já sei, ela ia envenenar-me a comida. Fixe, ia comer tudo.
-Eu - abanei a cabeça - podes escolher tu.